terça-feira, 22 de abril de 2008

O que é um forno solar?

Inventado na Suíça em 1767 pelo naturalista Horace de Saussure, o forno solar levou séculos para ser difundido pelo mundo. Sua evolução deu um passo decisivo com a utilização de caixas de papelão e o uso de plásticos por duas pesquisadoras americanas, Barbara Kerr e Sherry Cole e a divulgação pela Internet nos sites criados por elas: Solar Cookers International e Solar Cooking Archive.

O forno solar, apresentado nos sites acima, consta de uma caixa de papelão de, no mínimo, 35 por 45 cms. por não mais que 20 cms. de fundura, sem tampa, forrada de papel de alumínio, contendo no fundo uma chapa de metal pintada de preto, apoiada sobre pequenos calços de madeira. Sobre essa chapa são colocadas as panelas, também pintadas de preto, e com tampas de encaixe para reduzir a saída de vapor. Essa caixa é colocada dentro de uma outra caixa de papelão, maior e mais funda (de 7 a 10 centímetros maior para cada lado e para baixo), toda forrada com material isolante térmico como jornal picado, lã de vidro, algodão grosso, palha seca ou material similar. Esse conjunto de duas caixas (uma dentro da outra) é coberto com duas camadas de plástico transparente, sendo a primeira presa com grampos, ou tachinhas, a uma moldura quadrada de sarrafos, ou cabos de vassoura, formando uma tampa, e a segunda, a sobre-tampa, maior, cobrindo a caixa inteira, (a parte de cima e os quatro lados), fixada por um elástico. A camada de ar entre a tampa e a sobre-tampa se mantém uniforme graças ao barbante que cruza a moldura de madeira da tampa criando um apoio para o plástico da sobre-tampa que tende a ficar flácido no calor do sol. (Essa forma de cobrir o forno solar difere do modelo americano, mostrado nos sites, e resulta de uma adaptação mais adequada à posição mais alta do sol nas latitudes do nordeste do Brasil.)

É possível cozinhar tudo no forno solar: arroz, feijão, verduras, carne, frango, peixe, batatas, pães, bolos, etc. (A única coisa que não é possível fazer é fritura.) Em geral, usa-se menos água no preparo de arroz, feijão, etc., já que o vapor não escapa da panela, enquanto que no preparo de carne, peixe ou frango, assim como no cozimento de ovos, batatas, cenouras, chuchu, beterrabas, macaxeira, etc., não se usa nenhuma água. Em geral, o cozimento mais eficiente se faz em panelas médias ou pequenas (para fazer um quilo de feijão, por exemplo, é melhor dividi-lo em duas panelas com meio quilo cada).

Existe um tempo mínimo de cozimento mas não existe limite de tempo máximo pois a comida não queima, não gruda no fundo das panelas, não fica seca, esturricada, pois as tampas mantêm a umidade dentro das panelas e do espaço interno do forno. Por isso, é possível preparar juntos vários tipos de alimentos com tempos de cozimento diferentes. O tempo ideal de uso do forno solar vai de 8 da manhã às 3 da tarde e o tempo de cozimento da maioria dos alimentos vai de 2 a 5 horas.
O fato do vapor não escapar das panelas, combinado com o cozimento lento, a temperaturas mais baixas, aumenta o valor nutritivo dos alimentos e realça o sabor dos temperos resultando numa comida deliciosa apesar de possíveis diferenças na cor, no sabor e na textura dos alimentos cozidos na lenha ou no fogão a gás.

Além da economia de gás butano ou de carvão ou lenha, a grande vantagem do uso do forno solar é a economia de tempo: uma vez colocadas as panelas dentro do forno, ao sol, entre 8 e 9 horas da manhã, não é preciso mexer, adicionar água ou controlar o tempo para não queimar. Com isso, é possível sair de casa ou se ocupar com outros afazeres até a hora do almoço quando tudo estará cozido e quente, pronto para a mesa.
E nem é preciso ter sol pleno: num dia parcialmente nublado, é possível usar com sucesso o forno solar desde que o sol brilhe por pelo menos 20 minutos em cada hora. (O isolamento térmico nas tampas e nas paredes e fundo entre as caixas garante a permanência do calor.) E se o céu nublar totalmente durante o tempo do cozimento, ao chegar em casa é possível completar o processo em alguns minutos no fogão a gás ou no fogareiro de carvão ou fogão a lenha.

O baixo custo e a simplicidade da fabricação tornam possível ter mais de um forno na casa, para maiores quantidades de comida ou maior flexibilidade no preparo das refeições. O forno solar também serve para pasteurizar a água, eliminando a forma mais comum de infeção intestinal que é água contaminada.

Além das vantagens da utilização em si, usar um forno solar também significa estar cooperando com a preservação da natureza, reciclando materiais do lixo e usando uma fonte gratuita, renovável, e inesgotável de energia – a energia solar – e, ao mesmo tempo, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis (gás) e dos recursos florestais (lenha e carvão) que provoca desmatamentos e cuja queima contribui para o aquecimento do planeta, o conhecido “Efeito Estufa”.

Maiores informações: Procurar no GOOGLE o site: “The solar cooking archive”, clicando no link “Conteúdo em Português”. Ver fotos, planos de construção, receitas, notícias do uso dos fornos e fogões solares nos países de língua portuguesa e, clicando no item “documentos” ler o FAC (“frequently asked questions” ou seja, perguntas mais freqüentes) assim como outros documentos técnicos e científicos a respeito do cozimento solar.
Saiba como construir o seu próprio forno solar (clique aqui)